19 dezembro 2006

Aparências

“De um modo geral, os homens julgam mais com os olhos do que com o tato: todos vêem nossa aparência, poucos sentem o que realmente somos”. (Nicolau Maquiavel)

Filosofia, aqui cito uma grande ciência humana que nunca me foi atrativa, pelo menos até este ano. Durante meus estudos visando ingressar ao ensino superior, vi-me forçado a retornar às lições do ensino médio por conta de uma universidade que exigia conceitos básicos da filosofia em seu processo seletivo.

Em “O Mundo de Sofia” tive a oportunidade de aprender um pouco sobre a história da filosofia de uma forma fácil e divertida, pois o livro é uma espécie de romance no qual um professor ensina filosofia, por correio, para uma menina de 14 anos (Aliás, se você tiver a chance de ler este livro, não a perca!)

Em seguida mergulhei nas páginas de “O Príncipe”, de Nicolau Maquiavel. O livro é bem interessante, embora bastante controverso...Mas fala sobre as diversas formas de alcançar o poder e como mantê-lo. No capítulo XVIII, Maquiavel desenvolve como deveria ser a conduta e a boa-fé dos príncipes analisando a natureza humana. Segundo ele, “pode-se lutar de duas maneiras: pela lei e pela força” mostrando que existe a resolução dos problemas através das leis instituídas e da própria imposição pela força. A primeira maneira é de simples compreensão, pois é resultado direto da aplicação das leis; Maquiavel as considera formas naturais do homem; A segunda maneira, Maquiavel considera uma característica natural dos animais e, para explicar, utiliza as figuras do leão (força bruta) e da raposa (força sagaz) : “O leão não sabe se defender das armadilhas, e a raposa não consegue se defender dos lobos”. Segundo Maquiavel, os interesses próprios são precípuos e conseqüentemente maiores que a boa-fé, principalmente por sermos rodeados por pessoas mal-intencionadas (“lobos”).

Dentro do âmbito das qualidades apresentadas por Maquiavel (piedade, fé, integridade, humanidade e religião) é muito mais importante aparentar tais qualidades do que de fato possuí-las, visto que seu comportamento fica livre para conduzir seu reino de acordo com sua vontade. Há algumas linhas antes da máxima maquiavélica (“os fins justificam os meios”), a questão da aparência saltou-me aos olhos e provocou-me algumas reflexões.

“De um modo geral, os homens julgam mais com os olhos do que com o tato: todos vêem nossa aparência, poucos sentem o que realmente somos”.

Após ler e reler a frase veio a minha mente um conto de fadas da Walt Disney bem famoso, “A Bela e a Fera”. Neste conto, no início vemos um jovem e pretensioso príncipe recebendo à porta de seu suntuoso castelo uma pequena senhora, com roupas surradas e feições tortuosas, pedindo esmolas a troco de uma pequena rosa. O príncipe simplesmente despreza a humilde senhora baseado naquilo que de imagem seus olhos traziam, negando qualquer ajuda, mesmo sendo dono de uma incontável fortuna...Repentinamente a pobre senhora transforma-se numa bela e poderosa feiticeira e diz ter vindo testar o caráter do príncipe. Reprovado por ter considerado apenas as aparências, ela lança uma maldição transmutando toda sua beleza em uma repugnante besta. A única alternativa para quebrar o feitiço seria encontrar alguém que o amasse independentemente daquilo que podia ser visto...

É fato que muitas vezes julgamos determinadas pessoas por uma série de preconceitos que adquirirmos durante nossas vidas...Quantas vezes tomamos determinadas atitudes fundadas apenas em fatores restritos e supérfluos de nossas mentes?

“O Senhor conhece os pensamentos do homem, que são pensamentos vãos”. (Salmos 94:11).

“O que confia no seu próprio coração é insensato” (Provérbios 28:26).

“Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas” (Jeremias 17:9).

Aquilo que enxergamos com nossos olhos, com nossos sentidos, na verdade constitui uma imagem extremamente positiva perto daquilo que realmente somos...Olhando para dentro de mim mesmo e navegando por meus pensamentos posso perceber e sentir a veracidade da natureza humana.

“As vossas iniqüidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que vos não ouça. Porque as vossas mãos estão contaminadas de sangue, e os vossos dedos, de iniqüidade; os vossos lábios falam mentiras, e a vossa língua profere maldade. Ninguém há que clame pela justiça, ninguém que compareça em juízo pela verdade; confiam no que é nulo e andam falando mentiras; concebem o mal e dão luz à iniqüidade”. (Isaías 59:2-4)

Todas estas características negativas tornaram-se (inicialmente eram dissociadas) inerentes à humanidade e foram resumidas em uma única palavra: pecado. O significado da palavra pecado é bem amplo, obviamente pelo fato de aglomerar todas as atitudes, vontades e pensamentos distorcidos do padrão de perfeição. Todavia podemos dizer que pecado é aquilo que nos afasta do Deus Perfeito...Poderíamos ser comparados aos arqueiros imprudentes que desperdiçam flechas atirando para os lados...Pecar é errar (propositalmente) o alvo.

“Pois todos pecaram e carecem da glória de Deus” (Romanos 3:23).

As aparências enganam? Sim...Somos muito mais belos externamente do que interiormente...Todos são muito piores do que realmente enxergamos...Se pudéssemos sentir e entender os pensamentos alheios poderíamos comprovar a miserabilidade do “amor” desenvolvido pela sociedade...

Somos “filhos da desobediência” envoltos em uma casca de mediocridade que tenta esconder uma fétida hipocrisia interna...Se pudéssemos eliminar vidas para alcançar poder e glória seríamos decisivamente perniciosos. Na realidade somos almas encarceradas em um corpo destruído pela corrupção do erro e o justo destino de nosso espírito é a morte e a eterna separação de Deus.

“Minha Existência: A Criação
Meu Poder: A Liberdade
Minha Decisão: O Erro
Meu Destino: A Morte...”.

– Aparências – André S. Braga.

Justificação

“Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo” (Romanos 5:1).


“Na realidade somos almas encarceradas em um corpo destruído pela corrupção do erro e o justo destino de nosso espírito é a morte e a eterna separação de Deus”.

Embora as palavras por mim proferidas sejam um tanto duras registraram a veracidade da condição humana sem Deus. Quando disse “corpo destruído pela corrupção do erro” fiz referência ao pecado original, de Adão e Eva.

“Portanto, assim como por um só homem [Adão] entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram” (Romanos 5:12).

“Eis a Rocha! Suas obras são perfeitas, porque todos os seus caminhos são juízo; Deus é fidelidade, e nele não há injustiça; é justo e reto” (Deuteronômio 32:4).

Sendo Deus todo perfeito, não é possível a conivência com seres imperfeitos. Sendo Deus todo justiça, o destino justo dos imperfeitos (toda humanidade) é a eterna separação.

“Porque o salário do pecado é a morte” (Romanos 6:23)

Apesar de ter apresentado em “Aparências” de forma diferente, morte e separação eterna são praticamente sinônimos. Morte é o resultado direto de nossa imperfeição (Lembrando que inicialmente éramos seres perfeitos com potencialidade para a imperfeição); Separação eterna refere-se ao resultado indireto que submete o homem a esta situação posteriormente à vida.
O homem continuamente vem buscando alternativas para resolver o problema da separação divina através de seus próprios esforços: vida reta, boas obras, religião, filosofias, etc. Devemos lembrar que aquilo que nos separa de Deus é o nosso erro, não as coisas certas que fazemos. Vida reta e boas obras não anulam nossas “mãos contaminadas de sangue”.
Deus prioriza conceitos absolutos (certo x errado, luz x trevas) de forma que em muitas coisas não existe meio-termo. Quando observa [Deus] do céu a humanidade, todos são indistintamente injustos e passíveis de punição.

“Do céu olha o Senhor para os filhos dos homens, para ver se há quem entenda, se há quem busque a Deus. Todos se extraviaram e juntamente se corromperam; não há quem faça o bem, não há nem um sequer” (Salmos 14:2-3).

Todos são declarados injustos por Deus. Justificação é o ato de tornar justo (algo injusto é transformado em justo). O único que pode alterar nossa condição de imperfeição é o próprio Deus. Muitos perguntam: Por que Deus, sendo também todo bondade, não estende tudo isso a todos? E eu pergunto: Quem disse que a salvação é exclusiva de alguns?! O Propósito Divino é para todos...

“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3:16).

Quando Deus criou o homem deu-lhe a liberdade para tomar decisões. A salvação é para todos, mas nem todos serão salvos pela falta de um pré-requisito básico: .

“Ora, a é a certeza das coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não vêem” (Hebreus 11:1).

“Agora se manifestou a justiça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo, para todos [e sobre todos] os que crêem, sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus” (Romanos 3:21-24).

A graça é um favor imerecido, algo que nos é dado por exclusiva dádiva divina. A justificação de toda vida imperfeita é através da morte de um Justo (Jesus Cristo).

“Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim” (João 14:6).

É necessário crer e aceitar todas essas verdades para sermos justificados e aceitos por Deus. Deus nos ama e a prova maior deste Amor é o sacrifício voluntário de seu Filho.

“Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores” (Romanos 5:8).

Ele nos propõe transformar todo o nosso interior em componentes incorruptíveis e dignos de glorificá-lo...modificar nossa condição de criatura e de “filhos da desobediência” para filhos Dele.

“Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem filhos de Deus, a saber, aos que crêem no seu nome” (João 1:12).

Apesar de devermos a Ele toda nossa inspiração e existência, nosso livre-arbítrio foi para a destruição...Entretanto, seu Propósito de reconciliação foi estabelecido para retornarmos ao puro convívio...na nossa insignificância fomos escolhidos pelo Criador do Universo. Existe maior honra?!

“Minha Esperança: A Palavra
Minha Remissão: O Sangue
Meu Legado: A Cruz
Meu Salvador: Jesus”

– Justificação – André S. Braga.

08 dezembro 2006

Propósito Divino

Minha Existência: A Criação
Meu Poder: A Liberdade
Minha Decisão: O Erro
Meu Destino: A Morte

Minha Esperança: A Palavra
Minha Remissão: O Sangue
Meu Legado: A Cruz
Meu Salvador: Jesus

– Propósito Divino – André S. Braga

Imensurável Kairós

O abrupto esplendor manifesta
Agradável sensação fracionada
Epifânica visão transformada
Adorável contemplação instaurada

A adjacência inspira alegria
A proximidade contentamento
O visualizar esperança
O espaçar saudade
O separar sofrimento

O súbito fulgor desvanece
O açoite de imagens assinala alvoradas
A profusão de pensamentos fragmenta calendários
A tortura de lembranças transmuta estações

Racionalizar o abstrato reluzente
Revoca a natureza humana
Relutar o momento condolente
Recupera a perdida clama

O tempo é meu inimigo
A distância é minha traição

Nada preserva fôlego de subsistência
Permanece o vazio etéreo da frívola alma.

– Imensurável Kairós – André S. Braga