31 janeiro 2007

A Natureza da Fé

“Ora, a fé é a certeza das coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não vêem” (Hebreus 11:1).

Estimulado por um futuro concurso bíblico, encontrei-me debruçado sobre as páginas do livro de Hebreus. A carta, de autor desconhecido, foi destinada aos primeiros cristãos judeus que, sufocados por perseguições religiosas da época, mostravam-se tendenciosos a retornar ao estilo de vida legalizado (baseado em toda a Lei do Antigo Testamento).
Percorrendo os versos da carta, buscando entender as complexas comparações feitas entre o Novo e o Antigo Testamento, recordei-me de antigas idéias que surgiram quando li pela primeira vez o capítulo 11 da epístola. Procurando em cadernos velhos, encontrei anotações de alguns pensamentos sobre a natureza da fé.
A fé é composta de duas naturezas distintas e complementares, sendo ambas demonstradas explicitamente no versículo principal (Hebreus 11:1).

“...é a certeza das coisas que se esperam...”

I – A primeira característica da fé é alusivo à expectativa, estar bem certo e crente de determinadas coisas que acontecerão no futuro:

a) A Salvação:

“Este Jesus é pedra rejeitada por vós, os construtores, a qual se tornou pedra angular. E não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos” (Atos 4:11, 12).

“Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim” (João 14:6).

Cristo é a redenção, a única alternativa para edificarmos a vida. Ele é a Rocha, forte e firme onde uma casa é sustentada com segurança. A fé é demonstrada pela esperança de salvação do caminho da morte.

b) A Justificação:

Transformação da injustiça humana em justiça divina, através da fé Naquele que tem poder para realizar tal feito (Observar o tópico de dezembro de 2006, com o nome “Justificação”).

c) A Vida Eterna:

“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3:16).

Vida eterna dá idéia de imortalidade. De certa forma todos apresentam almas imortais, mas o conceito aqui definido reflete a futura condição do relacionamento com Deus. Vida Eterna significa passar a eternidade (período posterior à morte física) na presença de Deus. O oposto, morte eterna, estabelece a situação de separação total de Deus por toda a eternidade. A fé representa a crença nas promessas de Deus para aqueles que o buscam.

"...a convicção de fatos que se não vêem"

II – A segunda característica da fé refere-se às realidades invisíveis, que não podem ser percebidas, sentidas ou sequer provadas.

a) A existência de Deus: O simples fato de não poder ser visto não exclui a sua possibilidade de existir, apenas reforça a natureza da fé que não depende da ciência humana (Observar melhor o tema no tópico de janeiro de 2007 “Deus existe?!”).

b) A criação: Big Bang...o máximo da capacidade criativa humana utilizada para comprovar o improvável: a inexistência do Criador.

“Pela fé, entendemos que foi o universo formado pela palavra de Deus, de maneira que o visível veio a existir das coisas que não aparecem” (Hebreus 11:3).

c) A presença de Deus: A participação de Deus no curso da vida humana é sempre muito questionada. Baseados na capacidade visual extremamente limitada, homens julgam os desígnios de Deus procurando reduzir os atributos divinos perfeitos pela injustiça reinante no ápice de sua criação: a humanidade. Se existe fome, guerra, doenças, ódio, imoralidade e corrupção seria impossível acreditar que Deus ainda está no controle de tudo. Todavia toda a desgraça e destruição são resultados diretos do mau uso da liberdade de escolha que nos foi concedida. A fé estrutura-se na consciência da onipotência divina, vendo a mão de Deus permanecer no direcionar do destino humano, ainda que o mundo caminhe a largos passos para seu fim.

A fé configura-se na dependência daquilo que não pode ser visto: a esperança da concretização da palavra de Deus; ter fé significa abandonar toda a confiança em nossos recursos, capacidades e raciocínios: o visível imperfeito e mutável substituído pela sublime perfeição imutável da verdade invisível de Deus.

- Natureza da Fé - André S. Braga.

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